segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Soneto banal sobre o amor

Como é banal falar eu te amo!
Mas como posso controlar
Esse turbilhão de sentimentos sem par,
Essa coberta de retalhos de pano!

Como pode ser banal falar o que sinto
Esse sentimento que segue a me devorar,
Essa torrente de lágrimas me faz chorar
Esse amor não correspondido inextinto.

Surge uma plena vontade de morrer
Para essa tortura melancólica acabar;
Tudo o que quero é somente viver.

Longe ou perto de ti ver o sol nascer
As nuvens o céu a decorar
E essa vontade de ao meu lado te ter.

Soneto em medida velha (para ser nova)

Outrora: aparente amor
Efêmero, fugidio gozo.
Agora: asco; nojo.
A musa cantava louvor.

O passado asqueroso,
Possuir-te com ardor,
Depois cair em torpor:
Não foi nada vantajoso.

A tua tenra promiscuidade,
Olhos estavam fechados:
Lúgubre felicidade.

Já os sonhos despedaçados
Desvelar realidade:
Prazeres olvidados.

Hai-kai

Os olhos que mentem
E qu'inda seguem em frente
Não posso fitá-los.

Confissões de uma alma angustiada

Um furacão passa pelo meu peito!
Literatura é ficção. Mas como?
Se tudo isso é a vida!
Minhas paixões são tão reais!
Talvez o mais real dos fatos
Seja esse eterno desesperar-se
Se despedaçando em ilusões
Perdidas na vontade de querer
Ser parte de mim mesmo,
De você, de nós, quem sabe!?
A sina doida do acaso
Me joga nos braços da paixão!
Como controlá-la? Como resisti-la?
Temeroso caminho em direção a ti!

terça-feira, 21 de abril de 2009

A poesia não serve para nada

Incompreensível

Ou incompreendido?

O inútil poeta

Vive nos sonhos.

Sem produzir

Bens de consumo

Ou capital monetário.

Errante segue

Perdido no meio

Do nada e do tudo.

A vida passa pela

Relva de suas

Locuções ignóbeis

E sábias, mas

Não é a vida,

É uma imagem

Ou só mais um de

Seus tolos sonhos.

O mal que te persegue (Das idéias reacionárias ao pensamento progressista)

Por mais que queiras...

Mesmo que insistas...

Ora, perdoe a sinceridade;

Não és o que pensas

Ser: persona; personalidade...

Mesmo que lutes,

Que afies as garras:

Algo sempre restará;

Que seja pequeno elemento

Em seu cerne ficará...

Completamente, é a verdade,

Não te livrarás das amarras...

Mesmo que penses não ser

E lutes plenamente para não ter:

Tu és produto histórico!

A culpa não é tua!

Por essa constatação nua e crua,

Não te deprimes: não fique melancólico...

Abraça a pura felicidade,

Contemple a mera realidade:

Mesmo  que pareça pouco,

Siga em frente e te satisfarás;

Aos poucos... com tua firmeza

Gerações futuras libertarás.

Imemoriais

Oh! Imemorial tempo de outrora,

O que trazes na mala da nostalgia?

Velhas tuberculoses e epidemias.

A alma lúgubre sacia

O que restou de um pouco de sol.